terça-feira, 28 de junho de 2011

A última utopia


Não sei por que me lembrei disso!
Talvez, porque o mês de maio tenha acabando para dar lugar a um junho, que já foi de inverno quando o clima ainda não estava tão viciado em CO2.
Talvez, porque eu tenha descoberto que sou um otimista utópico e teimo em acreditar que dessa vez vai!
É, talvez, por ser um utópico que me lembrei da Última Utopia.
Se você não se lembra ou não sabe o que foi considerado como “A Última Utopia”, não se preocupe, porque não vai afetar o preço da seriguela ao Norte do Timor Leste.
Há 43 anos, num dia 10 de maio, 20 mil estudantes enfrentaram a polícia em Paris, na noite das barricadas, auge das revoltas de 1968, quando milhões de jovens em todo o mundo saíram às ruas para mudar a vida.
O Maio Francês foi também feito por palavras de ordem em frases pichadas por toda Paris, que marcaram simbolicamente aquele momento.
Caetano Veloso, inclusive, utilizou-se de uma delas como título para uma de suas composições tropicalistas: “É proibido proibir”.
Num momento em que o mundo efervescia em criatividade em praticamente todas as áreas, as velhas regras eram vistas e sentidas como grilhões, então pediam: “A imaginação no poder”.
E, porque reivindicavam mudanças drásticas de direcionamento, aqueles jovens eram, na maioria das vezes, tachados como simples anarquistas visionários e, como resposta, escreviam: “Sejam realistas, exijam o impossível”.
Para os críticos mais ferrenhos a frase era: “Quando o dedo mostra a Lua, o imbecil olha o dedo”.
Se a critica era direcionada pelas barricadas que faziam, como forma de protesto, a reposta vinha na frase: “Barricadas fecham as ruas, mas abrem caminho”.
Para aqueles que ainda acreditavam que a censura era absolutamente necessária para manter um pleno equilíbrio social, a frase era: “As paredes têm ouvidos; seus ouvidos têm paredes”.
Aqueles gritos de protesto ecoaram por aqui e, com certeza, incentivaram uma reação mais acentuada contra o governo militar que desde 1964 já fazia o que queria do Brasil.
Em dezembro de 1968, o presidente (ou ditador?) Artur da Costa e Silva assinou o Ato Institucional número cinco que fechou o Congresso Nacional por prazo indeterminado; cassou mandatos de senadores, deputados, prefeitos e governadores; interveio no Poder Judiciário, inclusive demitindo juízes; tornou legal legislar por decretos; decretou estado de sítio; suspendeu a possibilidade de qualquer reunião; recrudesceu a censura, determinando a censura prévia, que se estendia à música, ao teatro e ao cinema e suspendeu o “habeas corpus” para os chamados crimes políticos.
Ou seja, enquanto a França vivia “A Última Utopia” nós continuávamos a viver “Mais uma Miopia”.

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