Quando eu era adolescente, não entendia porque meus pais ficavam tão chocados com o meu jeito de ser, já que era tão normal! Eu achava que eles tinham que entender que as coisas estavam diferentes e que o mundo estava mudando. A ordem era derrubar as prateleiras, pois era proibido proibir. O tempo foi passando e eu tinha certeza de que quando chegasse a minha vez de enfrentar as mudanças, que inevitavelmente aconteceriam com as gerações seguintes, eu seria diferente. Até que, por certo tempo, eu consegui manter algum equilíbrio, mas há cerca de duas semanas, eu fui buscar minha filha adolescente e suas colegas no shopping, onde tinham ido assistir a um filme. Assim que elas entraram no carro, eu perguntei: “E aí, gostaram do filme”? Uma das amigas de minha filha prontamente respondeu: “Cara, tipo assim: foda”! Eu confesso que fiquei tipo assim... embasbacado, sem graça e sem saber o que falar, por isso me limitei a cumprir apenas o meu papel de motorista e tentar entender o vocabulário que minha filha e suas amigas usavam. Cheguei a pensar que elas devem ter um código secreto, pois não entendi cerca de 70% da conversa. Dias depois, minha filha me perguntou o que significava o verbo datilografar. Eu expliquei da melhor maneira que pude e ela: “Ah! Tipo assim, computador dos Flintstones”? E eu fiquei me sentindo tipo assim, um dinossauro! Mas resolvi me esforçar mais para me comunicar com ela. Numa noite dessas, eu me sentei ao lado de minha filha, enquanto ela teclava com um amigo pelo MSN e li quando ela digitou algo tipo assim: “Kct! Vc tmb nunk tah trank, kra. Eh d+, Bjoks e T+”. Esperei que ela saísse do MSN e pedi para que escrevesse aquela frase no velho e bom português. Ela me olhou meio sem entender, mas traduziu e aquilo ficou, tipo assim: “Cacete! Você também nunca está tranqüilo, cara! É demais! Beijocas e até mais”! Foi então que eu comecei a entender porque meus pais ficavam tão espantados com minhas atitudes e com os termos que eu usava quando me expressava. Mas só fui entender mesmo porque meu pai ficava maluco com os meus cabelos compridos, quando minha filha apareceu em casa com os dela tipo assim... cor de abóbora e com vários furos na orelha. Tenho tentado me preparar para quando chegar a hora dos piercings e das tatuagens, mas acho que não vou conseguir ficar tipo assim, trank, porque, por mais que eu tenha me esforçado, acho que no fundo eu sou um pai tipo assim... meu pai!
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