Eu recebi um e-mail com uma relação dos nomes mais estranhos, comprovadamente, registrados em cartórios deste Brasilzão de meu Deus. Eu mostrei a lista para uma amiga e ela não quis acreditar que pais tiveram a coragem de registrar seus filhos com nomes como: América do Sul Brasil Santana, Baião de Dois Azevedo, Chevrolet da Silva Ford, Diva Gina dos Santos, Éter Sulfúrico Amazonino Rios e outros ainda piores. Então eu me lembrei de um artigo escrito pelo inesquecível Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto) e contei a história pra ela. O Sr. Veiga era um amante da boa literatura e seu prazer era colecionar livros. E já que estamos falando em prazer, ele colecionava filhos também. O velho Veiga resolveu unir suas duas paixões e assim que nasceu o primogênito ele o batizou como Prefácio Veiga. Quando veio o segundo, ele mandou Prólogo Veiga. O terceiro foi o Índice Veiga. E, sucessivamente, vieram o Tomo, o Capítulo e, finalmente, o caçulinha Epílogo Veiga. É claro que, com uma prole dessa, as gozações tornaram-se inevitáveis. Certa vez, o pai de Stanislaw estava sentado à porta de casa, quando a família Veiga passou indo em direção à praça. O Sr. Porto, sarcasticamente, disse: “Boa noite Sr. Veiga. Está levando a biblioteca pra passear”? O homem se queimou de um tanto que ficou meses sem cumprimentar o Sr. Porto. Dona Odete, esposa do Sr. Veiga, era conhecida na vizinhança pelo apelido de “A Estante”. Quando Epílogozinho já estava com oito anos, Dona Estante, aliás, Dona Odete, mais uma vez engravidou. Ela nunca tinha escondido a frustração por não ter tido uma menina e quem sabe dessa vez suas preces seriam atendidas. Aliás, a esperançosa mamãe tinha feito a promessa de que se fosse menina iria chamar-se Maria. Sr. Veiga não gostou da situação, primeiro porque se fosse menino lhe faltavam nomes relacionados a livros. Segundo, porque se fosse menina e se chamasse Maria, iria estragar aquilo que ele considerava como a grande obra de sua vida. Passados os noves meses, pesando mais de 4 quilos e bastante saudável, chegou a menina que Dona Odete tanto queria para, segundo ela, lhe fazer companhia. Sr. Veiga que era católico fervoroso, mesmo a contragosto, não iria quebrar a promessa feita pela esposa. O pai foi o encarregado de ir até o cartório para providenciar o registro de nascimento. Quando voltou, Dona Odete pediu para ver a certidão e o Sr. Veiga entregou o documento onde se lia: Errata Maria Veiga. Dona Odete balançou a cabeça e, sem conseguir esconder um sorriso, colocou o bico de um dos seios na boquinha da recém-nascida que já choramingava de fome.
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