sábado, 2 de julho de 2011

"Vegetariando"



Minha mulher botou na cabeça que nós deveríamos nos tornar vegetarianos. Argumentei dizendo que ela correria o risco de, depois de algum tempo, eu levá-la para trás da moita e comer a moita. Porém, como é mais fácil o Tiririca escrever uma tese sobre gramática de qualquer língua eslava do que minha mulher desistir de um intento, eu tive que embarcar.
Não tenho nada contra os vegetais, mas a idéia não me agradou de imediato. No começo, eu confesso que não foi tão difícil. Comecei a me sentir até mais leve, mais bem disposto, mas depois de quinze dias, de tanto comer cenoura, eu me olhava no espelho e via o Pernalonga! Ainda bem que o Gaguinho não estava junto, porque como ele é um porco, com a vontade que eu estava, não sei, não!
Em três semanas, meus olhos começaram a ficar vermelhos. Eu achei que pudesse ser conjuntivite, mas descobri que era devido às beterrabas.
Tinha dias em que chegava em casa para o almoço e pensava: “Lá vem vegetal de novo”! E era batata! Batata frita, batata cozida, batata no forno, se pelo menos fosse a batata da perna de algum garrote!
Aqui, na minha cidade, o tal do espetinho virou febre. Por qualquer boteco que você passe, tem lá uma churrasqueira assando os danados. E o cheiro? Aquele aroma entra pelas narinas e fica tentando a gente mais do que a boca da Angelina Jolie dizendo I love you!
Comecei a arrumar uma porção de desculpas para não comparecer aos aniversários dos amigos que era pra não correr o risco de ter que enfrentar um churrasco.
Pouco mais de um mês do início do castigo, eu procurei saber se, por acaso, existia um C.A., ou seja, Carnívoros Anônimos, porque me sentia necessitado de ajuda psicológica. Nada!
Eu olhava pra minha mulher e pra ela estava tudo bem! Ela dizia que sentia melhor do que nunca.
Mas, certa noite eu tive um terrível pesadelo:
Servia-me de um belo contrafilé ao ponto, mas quando cortei a carne e fui levá-la à boca, o pedaço de transformou em jiló. Olhei para o prato e tinha uma porção de rabanetes dançando em torno de algumas folhas de agrião. Acordei suado e com falta de ar. Dirigi-me à copa para tomar água e ao abrir a geladeira achei que estava entrando no Ceasa; só tinha folhas e legumes.
Coloquei a roupa, tirei o carro da garagem e fui a uma churrascaria, pensando:
Se Deus não quisesse que a gente comesse carne bovina, não teria criado a picanha no boi.

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