Muitas vezes, eu me perguntei por que o povo brasileiro é tão cordeiro e, por isso, tão facilmente dominado e manipulado. O que existe na nossa cultura que faz com que nossa gente tenha tanto medo em fazer prevalecer os seus direitos?
E cheguei à conclusão de que nós sofremos uma lavagem cerebral, desde a mais tenra infância para sermos assim.
Como?
Simples; com as canções de ninar!
Vamos analisar as canções que foram tão utilizadas para nos ninar.
“Nana neném que a Cuca vem pegar...” Ou seja, trata de dormir logo e parar de encher o saco, senão vem aí uma tal de Cuca e leva você.
Ou ainda: “Boi, boi, boi, boi da cara preta, pega essa criança que tem medo de careta”! Viu? Puro terrorismo!
Como a Sociedade Protetora dos Animais pode querer que alguém seja bom com os animais, se cresceu ouvindo uma coisa assim:
“Atirei o pau no gato-to-to. Mas o gato-to-to não morreu-reu-reu. Dona Chica-ca-ca admirou-se-se. Do berrô, do berrô que o gato deu. Miaaau”!
Se a tal da Dona Francisca curtiu o sofrimento do coitado de felino, então imagine a índole do cara que canta:
“Vem cá, Bidu! Vem cá, Bidu! Vem cá, meu bem, vem cá! Não vou lá! Não vou lá, Não vou lá! Tenho medo de apanhar”
O Bidu, seja lá que animal é, já sabe que, se for lá, leva pancadas e o sádico fica chamando o coitadinho de meu bem, só pra atraí-lo!
Quer ver outra ameaça explícita, para que sejamos “bonzinhos” desde crianças?
“Marcha soldado, cabeça de papel! Quem não marchar direito, vai preso pro quartel”. A mensagem subliminar é: ou faz tudo certinho ou se ferra, meu!
Pra mostrar que você é, e sempre será um incompetente, por isso precisa ser comandado, tem essa:
“A canoa virou, quem deixou ela virar? Foi por causa do (nome de alguém) que não soube remar”.
E para que nós nos preparássemos para o que seria o sistema publico de Saúde nos dias de hoje, tinha essa:
“Samba-lelê tá doente. Tá com a cabeça inchada. Samba-lelê precisava. É de umas boas palmadas”. Pô, quem está com doente e com a cabeça inchada precisa é de cuidados e não de palmadas! Mas como podemos acompanhar, são, exatamente, palmadas que recebe a maioria que procura socorro na Saúde Pública.
Também tem aquela que já nos preparava para aceitar as diferenças sociais, sem revolta:
“Eu sou pobre, pobre, pobre, De marré, marré, marré. Eu sou pobre, pobre, pobre, De marré de si. Eu sou rica, rica, rica, De marré, marré, marré. Eu sou rica, rica, rica, De marré de si”.
Enfim, está explicado porque já crescemos aceitando tudo e acreditando que se é assim é porque tem que ser assim. Passamos toda a infância sofrendo uma lavagem cerebral que nos induziu a acreditar nisso, como verdadeiros “escravos de Jô que jogavam caxangá”, seja lá o que for essa porra de caxangá!
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