quarta-feira, 20 de abril de 2011

Um país chamado "Enrolândia"


Certa Repartição Pública Federal de um país distante chamado "Enrolândia" tinha três funcionários: o "Diz que faz", o "Faz que Faz e o "Pensa que Faz". Os três eram comandados pelo chefe "Finge que Manda". Acontece que foi realizado um concurso público e, talvez por alguma falha até hoje não perdoada, as pessoas de maior Q.I. (Quem Indicou) não ficaram sabendo e por esse motivo aconteceu a aprovação de uma pessoa realmente competente; o "Faz".
Assim que o "Faz" assumiu, quis saber de seu chefe, o "Finge que Manda", quais seriam suas atribuições. O chefe disse para ele relaxar que os colegas iriam mostrar todo o serviço.
Na primeira semana "Faz" não fez nada e não viu ninguém fazer nada. Apenas o "Pensa que Faz" separava algumas fichas, sabe-se lá para quê! Como a segunda semana parecia que iria transcorrer da mesma forma, "Faz" resolveu tomar algumas providências. Foi até uma prateleira e começou a ler as pastas que ali estavam. Viu que eram processos que estavam parados há algum tempo. Por sua própria iniciativa, decidiu organizar por data todas as pastas dos processos. "Diz que faz" e "Faz que Faz" já se sentiram incomodados com aquilo.
Depois de organizar tudo, "Faz" começou dar andamento aos processos, começando pelos mais antigos. Levou alguns para o chefe "Finge que Manda" despachar. O chefe pediu que ele deixasse as pastas sobre sua mesa, pois assim que terminasse a sua partida de paciência no computador iria dar uma olhada.
Mais uma semana se passou e "Faz" percebeu que as pastas estavam no mesmo lugar. Pediu licença e perguntou para o "Finge que Manda" se ele já tinha despachado os processos. O chefe, irritado, disse:
_ Não falei que iria ver isso assim que terminasse minha partida de paciência? Pois ainda não terminei!
"Faz" pediu desculpas e foi acompanhar o serviço do "Pensa que Faz". Em pouco tempo percebeu que o que o colega estava fazendo não tinha a menor relevância e explicou que ele estava perdendo tempo com tudo aquilo. "Pensa que Faz", que ainda tinha um pouco de boa vontade, pediu para o novo colega indicar que tipo de trabalho ele deveria fazer para ser mais útil. "Faz" deu uma pilha de pasta, pediu que ele catalogasse e que depois conferisse se os documentos exigidos em cada processo estavam todos lá, para em seguida poderem dar prosseguimento.
"Diz que Faz" e "Faz que Faz" sentiram que estava na hora de começarem a se mexer, pois se "Faz" conseguisse um aliado ali dentro, iria começar achar que estava "por cima da carne seca". Marcaram uma reunião com o chefe "Finge que Manda" e mostraram que a presença do novo funcionário poderia ser uma complicação para a rotina com a qual estavam tão acostumados.
"Finge que Manda" avaliou a situação e deu um telefonema para seu superior o "Me Engana que eu Gosto". Este mexeu uns pauzinhos e "Faz" foi despedido à bem do serviço público.
Para o seu lugar foi indicado o sobrinho de uma das amantes do "Sei lá Quem" e tudo voltou ao normal: Os processos voltaram para as prateleiras; "Pensa que Faz" para suas fichas, "Diz que Faz" seguiu falando de como estava cansado por trabalhar tanto, "Faz que Faz" continuou fazendo que fazia e o Chefe "Finge que Manda" continuou tentando terminar sua extenuante partida de paciência.
E o contribuinte que também continue no seu eterno jogo de paciência esperando... esperando...

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