Qual menino nunca se apaixonou por uma de suas professoras? Eu acredito que nenhum! No meu caso foram várias paixões em séries diferentes, o que já devia demonstrar meu caráter leviano em matéria de amor. Porém, uma delas ficou marcada até hoje. Eu estava na segunda série ginasial, o que hoje é denominada como sexta série do ensino fundamental, ou sei lá que diabo de nome tem hoje. Eu tinha 12 anos e estava naquela fase de olhar constantemente a palma da mão para ver se estava nascendo pêlos mesmo. O nome dela era Dona Lucila, a minha primeira professora de inglês. Foi paixão fulminante! No primeiro dia de aula, eu olhei para aquela deusa e me encantei. Em todas as aulas, eu ficava completamente embevecido, acompanhando cada movimento e cada palavra do "amor definitivo de minha vida". Sentia um arrepio cada vez que ela pronunciava uma palavra que tivesse "th", como "the", "something" e outras, porque ela colocava, por um breve momento, a ponta da língua entre os dentes, para depois recolhê-la e emitir o som correto do vocábulo. Tornei-me o melhor aluno da classe porque queria me sobressair entre todos os outros. Eu precisava, de alguma forma, ser notado por aquela que eu considerava a mulher mais linda do mundo. Finais de semanas era um verdadeiro suplício. Contava os minutos torcendo para que chegasse logo a segunda-feira e poder rever minha paixão; e olha que em menino dessa idade torcer para acabar o final de semana não é normal! Mas chegaram as férias de julho juntamente com o inverno e meu coração ficou gelado. Um mês inteiro sem vê-la, sem acompanhar seus movimentos pela classe, principalmente o balançar de seus quadris quando ela escrevia no quadro negro. Foram as férias mais tristes e mais extensas de minha vida. Agosto chegou! Primeiro dia de aula e no horário tinha Inglês. Havia terminado a aula de Geografia, o professor saiu e eu com os olhos grudados na porta, com o coração aos pulos, aguardando a chegada da minha amada. Entra um professor. Coloca os livros sobre a mesa e diz que iria substituir por uns tempos a professora Lucila porque ela havia se casado e ainda estava em viagem de Lua de Mel! Senti uma pontada dilacerante no meu coração. Eu me sentia traído, enganado, desprezado... a vida não teria mais sentido. Minha nota de Inglês, naquele mês, foi bem inferior às anteriores. Ir pra escola era um tormento (ou seja, passei a ser um garoto normal). Quando Dona Lucila voltou, eu já estava completamente curado e bastante interessado na Dona Clélia, professora de Matemática que, aliás, não entendia como não havia prestado a devida atenção àquela bela mulher. É verdade que Dona Clélia já era casada, mas melhor assim, porque não correria o risco de mais uma triste desilusão. Nem uma, nem outra, com certeza, nunca soube de minhas paixões platônicas, nem sei se ainda estão entre nós, mas se estiverem e, por acaso, lerem este texto, saibam que as duas têm um lugar especial em meu coração, tanto pelo amor nunca correspondido, quanto por tudo que me ensinaram. Obrigado meus grandes amores.
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