segunda-feira, 30 de maio de 2011

Diferenças do mesmo idioma


E então o Paulão conseguiu realizar o sonho de conhecer Portugal. Ficou por lá mais de mês e, quando voltou, fez questão de contar, com minúcias, tudo que viu e viveu. O caso mais interessante foi quando ele conheceu uma bela portuguesa, num café da Praça do Rossio, em Lisboa. Depois de se encontrarem algumas vezes, a moça o convidou para almoçar na casa dela. Enquanto o almoço estava sendo preparado, a bela portuguesa perguntou se ele não gostaria de uma punheta rápida. E ainda bem que ela explicou, em seguida, antes que o Paulão já desse uma grande mancada. Punheta é um prato feito com bacalhau desfiado, temperado com cebola, azeite e vinagre. Meu amigo agradeceu e disse que preferia esperar pelo almoço. Então ela perguntou se ele gostaria de comer, como entrada, uma Sopa de Grelos. A imaginação do Paulão viajou na maionese, mas sossegou ao saber que grelos são folhas típicas usadas em Portugal e na Galícia, na Espanha. Mesmo com a explicação, Paulão ficou de olhos bem abertos pra ver se não encontrava nada diferente no meio da sopa. Depois que ele provou e aprovou a tal sopa, a portuguesa disse que agora ele veria como é bom Pica no Chão. Meio desconsertado e preocupado Paulão ficou sabendo que Arroz de Pica no Chão é feito à base de frango e toucinho. Enquanto comia, ela perguntou se ele preferia caralhota ou cacete. Paulão quase engasgou com a pica, aliás, com o arroz Pica no Chão que provava. Quando ia dizer que não preferia nenhum dos dois, veio a explicação: Caralhotas são pequenos pães típicos da região de Almeirim e cacetes são pães comuns em todo pais. Aliás, no fim de tarde, é muito comum ver as portuguesas indo pra casa com vários cacetes nas mãos. A moça se levantou e disse que ele teria que experimentar o sabor de Periquita que ela tinha guardado especialmente para ele. Paulão já nem se assustou mais e ficou sabendo que Periquita é um dos vinhos portugueses mais procurados pelos turistas. Mas, antes dela servir, perguntou se ele não preferia provar Três Bagos. Quando ele disse que nunca tinha provado nenhum e nem tinha intenção, ela disse que era um bom vinho da região Douro. Por via de dúvidas, Paulão preferiu Periquita. Ao terminar a refeição, ela perguntou se ele queria uma mamadinha. Paulão respondeu que poderia fazer mal, logo após o almoço, e a portuguesa disse que não faria mal nenhum, pois as mamadinhas da Pousadinha de Tentúgal são doces que até ajudam a digestão. E pra terminar, quis servir um cálice de Licor de Merda que Paulão recusou imediatamente, mesmo ao saber tratar-se de um digestivo da região de Cantanhede feito à base de leite, baunilha, cacau, canela e frutas cítricas. Enfim, Paulão encerrou seu relato dizendo que não teve nada mais íntimo com a bela portuguesa, pois, se à mesa, já existem tantas confusões, imagine na cama!

Futebol e sexo


Entre tantas coisas discutíveis que Paulo Coelho já disse ou escreveu, eu me lembrei de uma afirmação dele, quando da escolha do Brasil para sediar a Copa de 2014: “Já vi pessoas ficarem cinco horas discutindo sobre um jogo de futebol e nunca vi as pessoas ficarem tanto tempo discutindo uma relação sexual”. Bem, eu, particularmente, acho que o pseudo-escritor anda assistindo mais futebol do que praticando o melhor esporte que já inventaram até hoje, mas, concordo que ficar cinco horas comentando sobre uma relação (mesmo para aqueles que têm mais prazer em contar para os amigos do que em praticar) não deve ser legal. Porém, praticar sexo por cinco horas, com certeza, é ótimo. No entanto, vou embarcar na comparação feita e adaptar as regras e alguns termos do futebol numa relação sexual. Primeiro vamos falar dos cartões. Cartão amarelo é pra quando o parceiro estiver com intenção de algo “diferente” e a parceira não concordar. O vermelho é para o caso dele insistir. Preliminar, por exemplo, é muito mais importante no sexo do que no futebol. Um jogo de futebol mesmo sem preliminar pode ser um “jogão”, mas no sexo será, na maioria das vezes, uma verdadeira pelada, mesmo se estando com uma bela pelada. Barreira é o que ele tem que vencer quando ela resolver jogar na retranca. Tabelinha é aquilo que não se deve usar, preferindo a pílula e/ou a camisinha. Impedimento está na cara que é aquele período mensal, né? Campo interditado por falta de segurança é o que se convencionou chamar de TPM, pois o “visitante” corre sérios riscos. Canelada é algo que pode acontecer se você se movimentar pelo quarto com a luz apagada. Falando sobre os vários tipos de chutes. Com um chute de primeira você pode até fazer o gol, mas o risco de ser desclassificado é muito grande. Chute colocado é o ideal, porque você coloca a bola (não sei se uso o plural?) aonde quer. Evite a cama de gato, que é aquela posição onde você faz o adversário perder o equilíbrio, mas nada contra a posição cachorrinho. Assim como no futebol só de admite “frango assado”. Diferentemente do futebol, no sexo é permitido jogar na banheira, principalmente se for de hidromassagem. E assim como no esporte Bretão (isso é mais velho do dizer que o Brasil é o país do futuro, né?) o objetivo é o gol. Gol de letra é quando ela fala: Ah... é... iiii... óóó... uuuuu!!! Gol olímpico é quando ela te deixou de “escanteio”, mas mesmo assim você chegou lá. E gol de placa é quando sem interdição de campo, depois da preliminar, sem aplicação de cartões e jogando em todas as posições consegue-se o melhor de todos os resultados: um empate bom para os dois.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Tenho dito!


            “O Brasil não é um país sério”. Quem disse esta frase foi Carlos Alves de Souza, embaixador brasileiro em Paris, em 1962 e não Charles De Gaulle, como muita gente ainda acredita. Uma frase dita da forma certa e na hora certa pode ficar marcada para sempre, mesmo que pouca gente se lembre de quem realmente a pronunciou. “Certos políticos brasileiros confundem a vida pública com a privada”. Apesar do Faustão viver repetindo essa frase (aliás, ele é um plágio de si mesmo) ela não foi criada por ele e sim por Apparício Torelli, o Barão do Itararé. “Trate bem a terra. Ela não foi doada a você pelos seus pais. Ela foi emprestada a você pelos seus filhos”. Muita gente acha que esta frase foi criada por algum militante do Greenpeace ou de alguma outra organização ecológica, mas, por incrível que possa parecer, é um provérbio muito antigo do Quênia. Sabe o Quênia? Aquele país “selvagem” e “subdesenvolvido”? Pois é. E falando em subdesenvolvimento tem um dito popular que merece uma boa reflexão de muita gente “boa”: “Não existe país subdesenvolvido. Existe país sub-administrado”. Outra frase que talvez você não conheça, mas que cabe direito nesses tempos de CPIs que não conseguem provar nada, foi criada pelo astrônomo americano, Carl Seagan: “A ausência da evidência não significa evidência da ausência”. Mas para se construir uma frase inteligente e que defina uma grande verdade não é preciso ser nenhum grande pensador ou intelectual. Quer um exemplo? José Maria de Jesus, um bóia fria, disse com muita propriedade, há algum tempo: “Quando o emprego vira um luxo, o salário fica um lixo”. E pra terminar, sempre vale à pena lembrar o que disse Ruy Barbosa no começo do século passado: “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”. Se ele já via assim há quase um século, imagine o que diria hoje!

terça-feira, 24 de maio de 2011

O fim do mundo


O radialista evangélico, Harold Camping, que havia previsto o fim do mundo no dia 21 de Maio, pediu desculpas pelo erro de cálculo e já estabeleceu uma nova data para o Juízo Final: 21 de Outubro deste ano. A verdade é que a preocupação com o fim do planeta acompanha a humanidade desde sempre. As escritas de Michel de Nostradamus, mais confusas do que uma redação do Tiririca e que permitem interpretações para todos os gostos, há mais de 400 anos vêm assombrando gerações. Em 1843, William Miller, um fazendeiro americano, após ter estudado a Bíblia por anos, concluiu que o tempo escolhido por Deus para destruir o mundo seria entre março de 1843 e março de 1844. A notícia se espalhou, criando seguidores, que ficaram conhecidos como Millerites. O mundo não acabou, mas o grupo escafedeu-se. Joseph Smith, fundador da igreja Mórmon, em 1835, anunciou que tinha falado com Deus (modesto, né?) e que Ele havia revelado que Jesus Cristo retornaria até 1891 e anunciaria o fim do mundo. Jesus faltou ao compromisso, o mundo não acabou, mas a religião fundada está aí até hoje “faturando”... adeptos. Em 1881, um astrônomo descobriu que caudas de cometas são compostas por um gás mortal: o cianeto. Como o Halley passaria pela Terra em 1910, o jornal The New York Times especulou se o planeta seria tingido pelo gás, gerando pânico no país e no exterior. O cometa já passou próximo da Terra por duas vezes, mas não soltou nenhum “pum” mortífero sobre a humanidade. Em maio de 1980, Pat Robertson, fundador da Coalizão Cristã, anunciou, em seu programa de televisão, que em 1982 o planeta iria para o saco. “Faiô”! Quando o cometa Hale-Bopp foi descoberto em 1997, surgiram rumores de que uma nave alienígena se escondia por trás dele com o intuito de exterminar a vida na Terra. Uma seita que cultuava a ufologia em San Diego, chamada Heaven's Gate, embarcou na história e os 39 membros do grupo cometeram suicídio para fugirem do apocalipse. Depois foi a preocupação com o “Bug do milênio” nos computadores, que colocaria o fim da vida moderna na Terra na virada de 1999 para 2000. Deu Bug no Bug! Aí foi a vez de Richard Noone, autor do livro “5/5/2000 Ice: the Ultimate Disaster”, garantindo que a massa de gelo da Antártida ficaria com 3 km de espessura em 5 de maio de 2000. Neste dia, os planetas ficariam alinhados no céu, causando o degelo global. A única coisa que derreteu foi a afirmação dele! Pra terminar (não o Mundo, mas o papo), Ronald Weinland, pastor da Igreja de Deus, afirmou que o fim do mundo aconteceria em 2008; que centenas de milhões de pessoas iriam morrer até o final de 2006 e o que sobrasse passaria pelo pior momento de toda a história humana por dois anos, até chegar ao fim. Também não aconteceu. Ah! Agora ainda tem a história do calendário maia e o fim previsto para 2012. Eu não acredito, mas, por via de dúvidas, só comprarei ingressos para a Copa de 2014 em 2013.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Marcas do que se foi


            Talvez por ser muito só, Alan Delom tomava banho com sabonete Rexona (sempre cabe mais um quando se usa Rexona). Mais uma vez enxugou-se em frente ao espelho e, contrariando ao slogan do produto que usava anteriormente (dura lex, sed lex; no cabelo só Gumex), besuntou os cabelos lisos com Trim e caprichou no topete. Vestiu sua novíssima sunga Helanca, a calça Topeka (Topeka é um estado de espírito) e passou uma boa dose do seu perfume Lancaster, antes de vestir sua camisa Valisère Volta ao Mundo (nunca precisa passar a ferro) e de calçar seu mocassim Samello (Samello colabora para o sucesso do homem). Examinou-se bem e concluiu que estava o maior “tremendão”, na realidade; uma brasa, mora! Antes de sair do quarto carregando todos seus slogans, desligou sua Sonata, que tocava “Quero que vá tudo p’ro Inferno” do Rei. Guardou o LP na capa, mas antes tomando o cuidado de passar a “almofadinha” para tirar a poeira e, confiante no que pretendia, acendeu um Minister (gente que sabe o que quer fuma Minister). Foi até a cozinha de onde tirou de sua geladeira Gelomatic (nós juramos que Gelomatic gela mais), uma garrafa de Grapette bebendo num só gole. Já ia embora mas resolveu tomar mais uma, afinal (quem bebe Grapette, repete). Ao passar pela sala ficou tentado em ligar o seu televisor Colorado para assistir ao Ultranotícias na TV Tupi, mas olhou no seu Omega (quando você toma sua vida nas mãos, precisa de um bom relógio no pulso) e concluiu que poderia se atrasar. Alan Delom caminhou até o ponto de ônibus mais próximo e concluiu que precisava comprar um Volkswagen ou um Gordini, nem se fosse daqueles pé-de-boi, bastante simplificados e que custavam um pouco menos. Concluiu também que, assim que comprasse, usaria gasolina da Esso (só Esso dá ao seu carro o máximo), mas, algumas vezes, pararia num posto Atlantic para se aproveitar dos serviços (Atlantic serviços nota 10). Ainda estava um pouco distante do ponto quando avistou o Mercedes Monobloco com carroceria Caio que se aproximava. Teve que correr, percebeu que transpirou um pouco e se arrependeu de estar vestindo uma Volta ao Mundo e não uma de suas camisas de Ban-Lon (Ban-Lon é sempre moda). Depois de alguns minutos de viagem, desceu no ponto da praça principal e puxou do bolso de trás um pente Carioca para dar um “tapa” no topete. Os brotos faziam o “footing” e Alan, com os olhos, procurou pelos seus “chapas”. Foi nesse momento que avistou Tereza Cristina. Ela vinha de braços dados com uma amiga e Alain se apaixonou de imediato. Num simples olhar concluiu que ela usava Imprévu, de Coty (você não precisa dizer mais nada), Antissardina (o segredo da beleza feminina), delineava os olhos com lápis Palermont (para a beleza dos seus olhos) e, com certeza, desodorante íntimo Vinólia (protege e refresca a parte mais sensível da mulher). Alain resolveu tomar coragem. Foi até o bar e pediu uma dose de Drink Dreher (drinkar é moda com Drink Dreher) e voltou à praça. Quando avistou Tereza Cristina ela conversava com um outro rapaz. Alan analisou de longe e viu que era do tipo que usava US Top (liberdade é uma calça velha azul e desbotada), calçava Makerli (Makerli é que é, Makerli é bom no pé), usava English Lavander (para o homem que já tem tudo) e fumava Chanceller (o fino que satisfaz). Alan Delom ficou tão arrasado que resolveu voltar para casa. Passou no bar, comprou uma garrafa de vodka Orloff (eu sou você amanhã) e algumas garrafas de Fanta (beba laranja Fanta; saborosa laranja Fanta). Voltou para casa para curtir sua dor de cotovelo. Ao chegar, pegou um copo Nadir Figueiredo e colocou uma boa dose de vodka com um pouco de Fanta. Ligou na TV Globo (o futuro já começou) mas não conseguia prestar atenção em nada. Horas depois, já completamente bêbado, lembrou-se que havia se esquecido de tomar Engove (um Engove antes e um depois). Deitou-se em seu colchão de molas Probel e adormeceu para se esquecer de seu infortúnio e, talvez, só acordar depois do ano 2.000 quando, quem sabe, ninguém mais daria valor a um mundo feito de marcas, slogans e etiquetas.


“Energia” sexual


Certa vez, eu vi na TV, uma sexóloga sergipana falando sobre o orgasmo feminino (essa reação endócrina que não permite nunca a gente saber se aconteceu mesmo ou se foi simulado). A referida orgasmóloga (acabei de criar uma especialidade dentro da área), entre outras coisas falou de uma pesquisa científica, realizada nos Estados Unidos, que conseguiu medir a descarga elétrica da vagina na hora do orgasmo. Segundo os estudiosos, na hora do “ai que eu morro”, a latejante parte feminina dispara, em média, uma carga de 250 mil micro volts. Sem trocadilho, pra mim foi um choque! Ou seja, se durante uma boa suruba, a gente pudesse canalizar os orgasmos simultâneos de cinco “perseguidas”, a energia produzida seria capaz acender uma lâmpada! E, a partir daí, é fácil concluir que, se juntarmos umas doze pelo mesmo processo, poderíamos dar a partida num carro popular com a bateria arriada! Não sei se é verdade, mas depois dessa revelação, dizem que tem um grupo de mulheres se organizando para montar uma empresa especializada em carregar bateria de telefone celular. Como a tal sexóloga disse que a carga de 250 mil micro volts é uma média, podemos concluir que existem mulheres capazes de disparar uma carga bem mais forte. E se elas forem multiorgasmáticas então? Acho que está aí uma boa forma para o Ministério de Minas e Energia resolver os problemas dos “apagões” de uma vez! Também com base nesta pesquisa, eu fiquei sabendo que tem uma empresa que fabrica camisinhas, pensando em trocar o látex por borracha para evitar possíveis acidentes. Já foi criado até um slogan para o novo produto: “Camisinhas Isolantex: pra você que quer molhar, mas não queimar, o biscoito”. Já existe também um movimento de Defesa dos Consumidores exigindo que sejam adotados novos critérios (no caso, eu acho que seriam clitórios) de controle. Como primeira reivindicação, que seja obrigatório a adição de uma plaquinha indicando se a “perereca” é 110 ou 220 volts. Eu fico imaginando, de manhã cedo, o marido, atrasado para o trabalho, gritando da cozinha: “Querida, corre aqui porque a torradeira não está funcionando!”. Ou o filho se queixando para o pai: “Paiê, a bateria do meu carrinho de controle remoto pifou!” E o pai: “Isso não é comigo, fale com sua mãe”! E o espermatozóide da frente gritando para os outros: “Esperem! Esperem! Ainda não! Ainda não! Vamos esperar ela desligar a cerca eletrificada”! Eu vou ainda mais longe; a mulher recém casada procura um ginecologista e diz que não consegue ter um orgasmo e o médico: “Isso foge da minha área, minha senhora, mas eu vou indicar um eletricista de confiança pra senhora”! E quando ela chamar o tal eletricista e receber a explicação: “Olha Dona, no seu caso, o problema é com a rebimboca e não com a parafuseta. Acho que vai ser necessário trocar a fiação do ponto G, mas eu vou precisar levar o seu equipamento pra minha oficina para analisar melhor e fazer um serviço bem feito”! Acredito que exista um grande número de mulheres muito preocupadas, porque sabem que, não demora, vai aparecer um aparelhinho, made in Taiwan, para o marido medir a descarga elétrica do orgasmo da esposa. Aí a coisa vai complicar, porque elas não vão ter mais como fingir e sabem que dizer que os fusíveis estão queimados, não vai colar. E no boteco os maridos contando vantagem: “Minha mulher é uma 270.000 micro volts”! O outro: “E a minha que é uma 290.000”! E outro, que por coincidência se chama Ricardo e é grandão: “Mentira! Ela não passa de 260.000”! Já imaginaram o bode que vai dar? Ou a mulher, no segundo casamento, ouvindo a lamentação do novo marido: “Poxa, Ivone, com o Carlos você era uma 280.000 e comigo só uma 230.000”! E ela: “O que eu posso fazer, meu bem? Eu acho que a distribuição de energia depende muito dos postes”! E a viúva próxima dos cinqüenta ao entrar no motel com o coroa: “Olha, você vai me desculpar! Quando eu era jovem, eu era uma 280.000, mas hoje acho que não passo de 190.000”! E ele: “Não tem problema, minha querida, e eu que nem sei se a minha lanterna vai acender”! Eu acho que os cientistas americanos e a sexóloga sergipana não têm idéia da confusão que arrumaram ao fazerem esta revelação! Pelo jeito, nunca mais a relação homem/mulher será a mesma!

sexta-feira, 20 de maio de 2011

O Jorge + Amado do Brasil


           Jorge Amado não descobriu o Brasil, pois, diz a lenda, que foi certo almirante português de nome Cabral. Mas Jorge descortinou um Brasil moreno, miscigenado; juntou letras e criou O País do Carnaval (1931). E já que havia criado toda uma nação com uma linguagem própria e seu próprio povo, Jorge sentiu-se na obrigação de continuar administrando esse país através das palavras; palavras que juntadas formavam frases vestidas de brasilidade para desnudar o real e escancarar as portas de uma hipocrisia de coronéis, paradoxo extremo para quem era filho de Coronel João, também Amado e de uma Eulália que tinha tudo de Leal e Amado. E o baiano vindo lá das Terras do Sem Fim (1943), nascido de Ferradas, foi pisando as sementes do Cacau (1933) com muito Suor (1934) para extrair a quintessência da alma de sua gente simples. Mais que o ABC de Castro Alves (1941) e o beabá, Jorge nos ensinou Jubiabá (1935) e como o Cavaleiro da Esperança (1942) viu um Luiz Carlos Prestes a mudar os rumos da História, através do plantio de idéias numa Seara Vermelha (1946). Poeticamente, Jorge trilhou A Estrada do Mar (1938), um caminho feito de palavras, palavrinhas e palavrões, tal e qual fariam Os Velhos Marinheiros ou o Capitão de Longo Curso (1961). Viajou em busca do Mundo da Paz (1950), mas foi nos Subterrâneos da Liberdade (1954) que vislumbrou O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá: Uma história de amor (1976). Uma duradoura história de Amor de Soldado (1947), como num teatro, cultivada pelo zelo de Zélia, que compreendia profundamente o mestre por ser anarquista, graças a Deus! Mas, não vamos exagerar nos elogios! Para sermos realmente honesto, devemos deixar bem claro que de santo não tinha nada e nunca seria um São Jorge de Ilhéus (1944), apesar de ali ter aprendido a infância e as primeiras letras e de saber se guiar, como poucos, pelos caminhos da Bahia de Todos os Santos (1945). Porém, o tempo é o tempo e, mesmo sem Veríssimo, é o vento que leva folhas e páginas em seu bojo. E pra desmentir, de uma vez por todas, que baiano não faz nada de importante numa segunda-feira, Jorge fez... pensando bem; se desfez. Os Pastores da Noite (1964) chegaram cantando e contando coisas que não queríamos acreditar. Talvez Jorge tivesse se enganado ao se vestir. Talvez tivesse confundido Farda, Fardão e Camisola de dormir (1978) e, satiricamente, estivesse aguardando a nossa reação para se dobrar de rir e, quem sabe mais tarde, se divertir às nossas custas quando contasse a Caymmi, enquanto olhassem o mar de um verde vivo! Mas, infelizmente, assim não foi, porque tudo que Jorge fez; fez pra valer. E o grito dos Capitães da Areia (1937) ecoou como um lamento em grandes ondas pelo Mar Morto (1936). Assim como Tereza Batista Cansada de Guerra (1972), o coração do Jorge mais Amado do Brasil também quis descansar e deixou-se emboscar numa Tocaia Grande (1984). Foi como A Morte e a Morte de Quincas Berro D’água (1961). Os olhos de Tieta do Agreste, pastora de cabras (1976) marejaram e, como o insólito e o místico fazem parte do pensar da Bahia, lá foi ela com Dona Flor e Seus dois Maridos (1966) à Tenda dos Milagres (1969) para tentar o impossível. Quem sabe fazer de Jorge um novo Vadinho! Nada a fazer; apenas aceitar! Não há mais o Jorge para sempre Amado, mas há suas pegadas deixadas com letras e grandes palavras na areia de todas as praias do país que ele descortinou, mas não descobriu, porque diz a lenda que foi certo almirante português.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Calcinhas divertidas



        Faz algum tempo, eu acompanhei uma entrevista de uma moça chamada Alessa Migani, que estava lançando uma linha de calcinhas com imagens e frases interessantes. Alessa, que é publicitária e designer, disse que com isso pretendia fazer do corpo feminino um display, pois ela acredita que usando as calcinhas as pessoas se divertem. Bom, eu particularmente acho que elas se divertem mais quando tiram a calcinha, mas cada um tem sua própria opinião. Ela apresentou um desfile com lindas modelos para mostrar suas criações. A primeira que entrou tinha uma imagem de Santo Antônio bem encima da... da... como direi, do “santuário”. Partindo dessa premissa, eu acho que algumas mulheres deveriam colocar a imagem de São Judas Tadeu, o santo das causas impossíveis. E com certeza as que tiverem muito a perigo o melhor seria colocar a imagem de Santo Expedito, que é o santo das causas urgentes. Tinha uma que, no lugar do Santo Antônio, tinha uma casquinha de sorvete de massa. Eu achei que a mulher que estiver usando uma calcinha dessas estará enviando uma mensagem bastante óbvia para o seu parceiro, né? Outra tinha desenhada uma placa, como se fosse um letreiro de néon, onde se lia Fast Food. Também está claro que a mulher que estiver usando essa estaria afim apenas de uma rapidinha. Dentro da mesma linha, apareceu uma onde se lia Self Service. Essa deixa a gente na dúvida se vai ter que se servir sozinho, sem nenhuma ajudinha, ou pior, se vai ter que comer à quilo (vejam bem que eu pus crase no “a”, porque “aquilo” é claro que vai se comer). Foi mostrada uma que eu achei bastante interessante, mas muito autoconfiante: tinha a imagem de uma latinha de fermento em pó Royal, com a clara alusão do poder do crescimento. Como ela não sabe a situação do parceiro, eu acho que teria sido melhor ter colocado o logotipo do Viagra pra evitar possíveis constrangimentos. Bastante sutil foi uma que tinha a imagem de uma carta de baralho naquele lugar já mencionado. Nada demais se a carta não fosse um Rei de Paus. E tinham algumas com frases como: “Obrigado pela preferência”, “Marca Registrada”, “Siga em frente”, etc. Eu acho que a senhorita Alessa poderia ampliar o seu negócio (agora estou me referindo ao negócio comercial mesmo) e criar calcinhas com frases específicas para determinadas situações. Por exemplo, se a mulher não teve tempo de se depilar, usaria uma com a frase: “Eu preservo a Mata Atlântica”. Se a mulher estiver naqueles dias: “Fechado pra balanço” (ou pro balanço). Se ela estiver brigada com parceiro: “Permitida a entrada apenas para pessoas autorizadas”. Se a mulher sair pra balada afim de qualquer coisa: “Aberto ao público em geral”. Se for uma masoquista ficaria bem a frase “Bata antes de entrar’. Mas acho que a frase que estaria mais bem colocada nos dias de hoje seria: “É proibida a entrada no recinto sem camisinha”.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Um novo partido político


       Vou criar um partido político. Apesar de já existir um com a mesma sigla, vou montar o PCO – Partido da Calça Operária. Como todo partido político vamos precisar de um número, mas pode ser 36, 38, 40, 42 ou tamanho grande, depende de cada operário. A Calça Operária será unissex, sem discriminação. As cores do Partido da Calça Operária não serão fixas, pois poderão mudar de acordo com a moda. Os nossos candidatos ao legislativo, quando forem eleitos, não vão fazer emendas e sim remendos. A Calça Operária não terá bolsos, para que ninguém caia na tentação de enchê-los com dinheiro público, mas, em compensação, terá chapas de ferro no lugar dos bolsos traseiros para proteção do operário, toda vez que levar um pontapé ao ser mandado embora do emprego. Vamos enfrentar qualquer tipo de barra numa luta justa, pode ser numa luta larga também, depende do gosto do freguês. Não teremos vínculos com nenhum empresário. No máximo poderemos ter vincos. Para resolver os problemas econômicos vamos apertar o cinto, porque ninguém entende mais disso do que nós. Para fazer parte do partido será obrigatório que o membro (sem trocadilho) tenha passado, aliás, muito bem passado. O Partido da Calça Operária nunca fará dobradinha com nenhum outro partido, porque pode se dobrar sozinho. Nossos planos de governo serão tecidos com muito cuidado. Nunca iremos nos encolher frente ao adversário. Vamos botar pra quebrar e não vamos desbotar nunca. Estaremos sempre limpos, porque estaremos sempre prontos a lavar a Calça Operária. Não aceitar trabalhos Levi’s (nossa, esse foi horrível) será a nossa marca. Nunca permitiremos que os adversários venham colocar seus bedelhos em nosso cós (atenção, eu disse cós: tira de pano que remata as calças). Nunca permitiremos que nenhum de nossos filiados se sujeite a cabides de empregos. Não podemos dizer que vamos arregaçar as mangas para o trabalho, mas, com certeza, vamos arregaçar as barras. O Partido da Calça Operária não acatará nenhum um tipo de preconceito e, por isso, aceitará até que certos “bundões” venham se abrigar em nosso meio. Mas não aceitaremos nenhum “calça frouxa”, para que nunca sejamos pegos de calça curta. A Calça Operária terá uma frente ampla para que todos os membros possam se sentir confortáveis dentro do partido. Nossos planos eleitorais serão sempre alinhavados e costurados com muito cuidado para terem consistência e qualidade. Nossa luta terá como objetivo principal o povo, por isso, se alguém quiser se juntar ao partido procurando se dar bem, é bom que saiba que nunca daremos camisa pra ninguém. Não iremos lutar pelos descamisados, mas com certeza, seremos a voz firme dos descalçados. Nosso lema será: Se você honra a calça que veste, vote nos candidatos do PCO – Partido da Calça Operária. Eu sei que tudo isso pode parecer uma grande besteira, mas sejamos francos, besteiras não é o que a gente mais vê nos partidos que já estão por aí?

domingo, 15 de maio de 2011

Quem não se comunica, se trumbica



        Sem dúvida, a comunicação sempre foi fundamental em qualquer tempo. A Bíblia diz que Deus criou o verbo, mas foi o homem que criou os advérbios, as preposições, as interjeições e, finalmente, o palavrão; a sua mais perfeita criação. Mas antes de tudo isso, o homem criou os pronomes, principalmente o da primeira pessoa do singular: Eu. O tu o homem criou por absoluta necessidade ao perceber que, de sua costela, o Criador tinha preparado um prato bastante apetitoso e precisava se comunicar com ele, se quisesse comê-lo. E assim Deus também criou o primeiro prato da culinária mundial: costela maturada com maçã. Com a chegada de Caim, o homem precisou criar a terceira pessoa do singular: O ele. Os pronomes pessoais do plural o homem criou para fingir que se importava com os outros que foram surgindo e até hoje continua fingindo que se importa, porque o mais importante mesmo é o eu. Depois do eu o tu, se for do sexo oposto e dependendo do apetite! Mas existe também hipótese científica de que o homem seja uma evolução do macaco, apesar de que às vezes dá a impressão se tratar de uma involução. Partindo dessa teoria, podemos ter a certeza de uma coisa: O ser humano inventou a linguagem para satisfazer a sua profunda necessidade de contar vantagens e de fazer fofoca! Os homens das cavernas já não se contentavam em matar um mamute. Eles precisavam contar o que tinham feito, por isso, entre um grunhido e outro, desenhavam nas paredes das cavernas cenas de suas caçadas. E já naquele tempo, aumentavam o tamanho do animal abatido pra contar vantagem. Alguns historiadores garantem que naquele tempo as mulheres tinham rabo (tem até um filme italiano falando sobre isso). E o homem vivia de olho nos rabos das mulheres. Então podemos concluir que o homem não evoluiu muito desde então, pelo menos no que se refere ao homem brasileiro! Com o tempo o homem foi se cansando de ter que repetir, através da fala, sempre a mesma coisa por inúmeras vezes. Não estou querendo dizer, no caso de aceitarmos a versão da Bíblia, que a repetição se devia ao fato de que Eva era loira! Mas para poupar trabalho, coisa que o homem sempre foi mestre, ele resolveu inventar a escrita, assim ele escreveria e quem quisesse entender que lesse. Por volta do ano 3.000 a.C. os Sumérios, na Mesopotâmia, criaram o primeiro sistema da escrita, utilizando o cuneiforme. Com o tempo a escrita foi se tornando cada vez mais popular, ao ponto de todo mundo poder escrever qualquer coisa. Este texto é um bom exemplo disso.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Uma verdadeira boneca!


Numa noite destas eu estava sentado num barzinho, quando notei que, numa mesa próxima, estava uma bonita mulher sozinha e com um olhar muito triste. Resolvi me aproximar e perguntei se podia me sentar. Ela me olhou com ar desconfiado e então eu disse:
_ Fique tranqüila, não estou tentando uma conquista, quero apenas conversar um pouco.
A bela mulher me olhou firme nos olhos e quando percebeu a honestidade de minhas intenções (aliás, eu sempre soube disfarçar muito bem) apontou a cadeira em sinal de consentimento. Sentei-me e foi logo dizendo
_ Desculpe minha intromissão, mas porque uma moça tão bonita está com um olhar tão triste?
Ela deu um suspiro e respondeu:
_ É que estou completando 52 anos!
Eu não acreditei. Ela aparentava 20 anos, quando muito! Sinceramente, eu disse:
_ Pois estou surpreso, você não aparenta de jeito nenhum.
Mesmo sendo verdadeiro meu elogio não mudou seu ânimo e a mulher argumentou:
_ Eu sei disso, mas e daí? O que adianta aparentar menos idade e ser tão infeliz quanto sou?
Tentando mudar um pouco o rumo da conversa, perguntei:
_Você trabalha em que área?
A garota suspirou mais um vez e disse:
 Trabalho com crianças durante toda minha vida.
Eu achei que tinha encontrado o caminho para animá-la.
_ Pois você tem muita sorte! Trabalhar com crianças é uma coisa maravilhosa!
Ela me olhou com certo ar de enfado e falou:
_ Pois é, todo mundo fala isso. Mas você não sabe o que as crianças fazem comigo! Elas me fazem de gato e sapato. Sou obrigada a me sujeitar a todos os tipos de brincadeiras que elas inventam. Já estou cheia! Cheia, está entendendo! Não agüento mais!
Fiquei até assustado com a revolta daquela linda mulher e antes que eu falasse qualquer outra coisa ela continuou:
_ Além do mais, eu me sinto explorada! Você não imagina quanta gente já faturou encima de mim. Um absurdo!
Eu até pensei em me aprofundar mais nesta questão de ter sido explorada, mas do jeito que ela estava nervosa, resolvi não esticar o assunto e sair de "fininho". Mas antes de sair, disse:
_ Bom, parabéns pelo seu aniversário! E procure ver o lado bom das coisas. Você está fazendo 52 anos e, no entanto, é uma verdadeira boneca!
A moça me olhou com os olhos arregalados e disse:
_ Eu sei que sou uma boneca, eu sou a Barbie!
Eu sem entender direito, perguntei:
_ Quem?
E ela:
_ A Barbie! Ken é o meu namorado e aquele “boneca” até hoje não cumpriu seu papel. Estou completando 52 anos e continuo virgem como nasci!
Levantei e fui embora achando que tinha bebido demais, mas concordando plenamente com os motivos da bela mulher!

O teste


Sejamos honestos! Existe coisa mais irritante do que esses “bondes” de funk, compostos por garotas em que uma delas fica martelando uma nota só como uma araponga fanha? Eu sei que tudo isso é apenas um pretexto para ficarem remexendo as bundinhas (aliás, nem sempre “dinhas” e com mais propensão para “donas”), mas, mesmo reconhecendo que tal parte da anatomia feminina é deveras atrativa, ainda mais quando em processo rebolativo, eu acho que outras partes da anatomia humana também deveriam ser levadas em conta e, principalmente, preservadas: Os ouvidos daqueles que ainda têm alguma sensibilidade para diferenciar música de ruído. E como imaginar ainda não paga imposto, eu imaginei uma cena. Um produtor musical, daqueles que têm tatuagens no cérebro e piercing no esôfago, empenhado em montar um grupo desses e escolhendo as candidatas:
PRODUTOR: _ Qual o seu nome?
CANDIDATA: _ Maria Rita!
PRODUTOR: _ Fale um pouco de você. Vou avisando que ser filha de alguém famoso ajuda e muito, tá!
CANDIDATA: _ Bem, eu sou filha de Elis Regina e de César Camargo Mariano e...
PRODUTOR: _ Elis o quê?
CANDIDATA: _ Elis Regina!
PRODUTOR: _ Acho que nunca ouvi falar – e virando-se para o seu assistente – Ô Truta, você já ouviu falar dessa tal de Elis Regina?
ASSISTENTE: _ Sei não! A única Regina que me lembro é aquela do Funk in Fuck, mas ela já passou do ponto. Sabe como é; teve filho, o quadril alargou muito...
CANDIDATA: _ Meu senhor, minha mãe, Elis Regina, foi uma das maiores cantoras do Brasil e meu pai é considerado como um dos maiores pianistas e arranjadores do mundo.
PRODUTOR: _ Isso não tem a menor importância, minha filha, porque para fazer parte de um “bonde” tem que ter é talento. Dá uma viradinha, me deixeeu olhar o seu bumbum.
CANDIDATA: _ Mas para quê!? Você não está procurando uma cantora?
PRODUTOR: _ Claro que estou!
CANDIDATA: _ Então deixe que eu cante um pouco para você analisar!
PRODUTOR: _ Já que você insiste manda ver!
Maria Rita canta trechos das mais importantes composições da música popular brasileira e, de repente, é interrompida.
PRODUTOR: _ Espera aí, menina, você não conhece nenhum música de verdade?
CANDIDATA: _ Mas essas músicas foram compostas por Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Pixinguinha, Cartola, Chico Buarque de Holanda e...
PRODUTOR: _ Quem são esses caras, minha filha? Você não conhece nenhuma do Latino ou do Bonde do Tigrão? Eu vou dar mole pra você, canta, pelo menos, uma da Kelly Key.
CANDIDATA: _ Quem são esses cantores?
PRODUTOR _ Você não conhece!? Ó gata, sinto muito, mas não vai dar. Você não tem nenhum talento e não tem a menor noção do que seja uma boa música. A próxima!
Antes de Maria Rita deixar o palco e ganhar as ruas ainda teve tempo de olhar para trás e ver o produtor todo entusiasmado com a nova candidata. Maria Rita não a conhecia, mas teve impressão que ela parecia muito e poderia até ser uma filha da Gretchen... Isso visto de costas!

terça-feira, 10 de maio de 2011

A união faz a "força"!



Há algum tempo, eu vi uma entrevista com um grupo de pessoas (num desses programas de TV que ainda dão para assistir) que afirmavam se alimentar apenas de luz. Eu fiquei imaginando que, se aquilo que diziam era verdade, deve ser uma dieta bastante cara do jeito que a energia elétrica vem sofrendo aumentos depois que as empresas foram privatizadas. E um dos argumentos apresentados pelo líder do grupo é que, assim como (como advérbio e não o presente do indicativo do verbo comer) os animais, os vegetais também são seres vivos e por isso não devem ser sacrificados para a nossa alimentação. Ou seja, primeiro foram os vegetarianos e agora são os energisianos (se é que posso chamá-los assim) que querem colocar o bedelho no nosso já tão parco cardápio! Querendo ser o mais politicamente correto possível, eu pensei em fazer parte desse grupo de tão originais comensais, mas conclui que me alimentar apenas de luz poderia ser um choque para mim. Então fiquei buscando soluções para tão existencial problema. E se eu batesse os vegetais num liquidificador? Eu estaria bebendo e não comendo! Mas de qualquer forma estaria sacrificando a vida de seres vivos. Se eu não comesse mais Folha, mas apenas o Estadão? Com certeza teria uma forte congestão ocasionada, principalmente, pelo noticiário político. Será que comer pedra seria a solução? Pedra Sabão, por exemplo, porque assim já faria uma lavagem estomacal para retirar os resíduos animais e vegetais de tão péssimos hábitos praticados ao longo de tantas décadas. Poderia até ser, mas um velho ditado já diz que passarinho que come pedra sabe o fiofó que tem! E ficar buscando uma solução começou me dar uma fome danada. Pensei até em colocar o dedo numa tomada elétrica, mas me contive em tempo, principalmente porque a tomada era de 220 volts, eu poderia ficar empanturrado demais e meu médico me recomendou que eu deveria comer menos. E com todo esse dilema, eu comecei a ter alucinações. Vi na minha frente uma bela picanha recheada com cenouras, pimentões, bacon e tudo mais. Tive um imediato problema de consciência, pois estava, em pensamento, traindo os conceitos dos vegetarianos e dos energisianos ao mesmo tempo. Se eles ficassem sabendo poderiam me dar uma bela descompostura e eu teria que engolir sapos que também são seres vivos e não seria correto. Pensei mais algum tempo e conclui que de hoje em diante não vou comer mais carnes e nem vegetais, mas da cozinheira eu não abro mão.

Clarinda continua a mesma



Ontem eu me encontrei com a Clarinda. Ela trabalhou muito tempo na casa de minha mãe, como empregada doméstica, e acabou fazendo parte da família. Depois ela mudou de cidade para ficar perto do seu único filho que havia casado e já fazia um bom tempo que a gente não se via. Em poucos minutos de conversa, eu percebi que minha querida Clarinda não tinha mudado em nada. Depois de querer saber de todos de minha família, ela resolveu elogiar seus novos patrões. Ela me contou que o patrão é fiscal da Receita. Ela acha que deve ser um trabalho muito chato, porque do jeito que são as letras dos médicos, ficar conferindo as receitas não deve ser mole, não! Disse que ele é um homem muito bom, mas que às vezes fica muito irritado sem motivo. Outro dia ele tinha pedido para ela comprar figo. Ela trouxe e fez bifes de “figo” e o patrão ficou nervoso! Mas ele não tinha dito que queria o “figo” de outro jeito, ora! Eu quis saber mais do filho dela e Clarinda, toda orgulhosa, disse que ele estava se saindo muito bem e que recentemente tinha comprado um carro novinho.  E descreveu o carro como tendo “rodas de maionese”, “farol de milho”¸ “teto ensolarado” e direção “em gráulica”. Mas ela estava um pouco preocupada com um dos netos que é muito doentinho. Logo nos primeiros meses de vida, ele teve uma “hérnia dominical” e precisou fazer uma operação. Depois teve que fazer tratamento com ferro porque sofria de “além mia”. E agora estava precisando fazer uma “outra sinografia” dos rins. Ela disse que o neto mais velho é um rapaz muito bom, estudioso, inteligente e que, inclusive, é “filadélfio”. Eu não entendi o que era isso e ela me ensinou que “filadélfio” é quem coleciona selos! Eu quis saber a respeito da nora e Clarinda foi só elogios dizendo que é uma mulher trabalheira, muito educada, mas que precisa fazer um “rejume”, pois está com o “trigo em série” alto. Mas eu percebi que o xodó da Clarinda é sua neta adolescente, porém com algumas coisas que ela desaprova. A menina tem “pérsio” no “imbigo” e “tatu ágil” na “cóstia”. Ela perguntou mais algumas coisas sobre minha família, mandou abraços pra todos e disse que precisava ir depressa pra “redoviária” para não perder o próximo “onbus”, pois ainda teria que fazer a janta. Me deu um abraço gostoso, que só as pessoas simples sabem dar, e foi embora em seus passos miúdos e rápidos.

Um anão pra cada dia


       Cada vez que nas tardes de sexta-feira eu saio do trabalho, não consigo deixar de pensar nos sete anões da Branca de Neve! Eu fico imaginando que tipo de droga eles usavam para, depois de terem trabalhado horas e horas numa mina, voltarem para casa cantando e assoviando! E tem mais! A tal droga deveria ser muito poderosa, porque, no dia seguinte, eles voltavam para o trabalho cantando e assoviando a mesma melodia, só trocando um pouquinho a letra! Outra coisa que sempre me intrigou é por que eles eram sete e não oito ou seis? A única resposta plausível que encontrei é que eles estariam representando, ou os sete pecados capitais, ou os sete dias da semana. E como, segundo a história, eles eram puros, tanto que moravam com uma bela jovem e nunca tentaram nada (pelo menos que se saiba), eu acredito que só poderiam estar representando os dias da semana. E se isso for verdade, então não é difícil definir qual dia cada um deles representaria. O Mestre seria a terça-feira, pois é o dia em que, depois de passada a ressaca da segunda, a gente consegue se organizar melhor e produzir mais. Atchim seria a quarta-feira, o dia que fica no meio da semana e que mais ataca a nossa alergia ao trabalho. Soneca teria tudo para ser a quinta-feira, porque é o dia que antecede a sexta-feira e, portanto, o que mais nos faz ter preguiça. Dunga seria a sexta-feira, já que a gente fica todo feliz, mas fica mudo que é para o chefe ou o patrão não perceberem e concluírem (sem razão) que a gente não gosta do trabalho. Feliz seria o sábado; um dia de folga que ainda tem um domingo para separá-lo da segunda-feira. Dengoso representaria o domingo, porque apesar de ser um dia de folga a sombra da segunda já nos deixa todo manhoso, principalmente quando começa a entardecer. E o Zangado seria, sem a menor sombra de dúvida, a segunda-feira. Posso completar as minhas conclusões com os outros personagens da história. Enquanto o príncipe representaria os feriados prolongados e a Branca de Neve as férias, a bruxa seria, com absoluta certeza, os dias em que temos que ficar após o expediente e os finais de semana em que somos obrigados a levar trabalho pra casa. Mas ainda faltou um elemento da história. A maçã envenenada representaria o quê? Com certeza seria o desemprego, coisa que faz com que qualquer semana de trabalho nos pareça um verdadeiro conto de fadas.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Num futuro nem tão distante


Já existem experimentos apontando que a construção de andróides femininos programados para executarem tarefas bem ousadas e interessantes é uma realidade. O protótipo recebeu o nome de Futura.
E isso dá pra nos deixar preocupados!
Já pensou se, na hora do vamos ver, dá um defeito no mecanismo e você não consegue desligá-la? Você estende a mão procurando o manual do proprietário e lembra-se que ele ficou na caixa, lá da garagem. Com muito esforço você consegue alcançar o telefone; liga para fábrica e todo ofegante explica o que está acontecendo. Do outro lado da linha, uma moça, com um risinho maroto, responde que quando isso acontece, Futura só vai desligar automaticamente após 24 horas. Já imaginou o que vai dizer ao seu chefe quando você chegar com aquelas olheiras profundas e ele perguntar por que você faltou ao trabalho no dia anterior?
Existe um ditado bem popular que diz: mulher e violão não se emprestam a ninguém. Mas quando Futura estiver no mercado, acho que será só violão. Imagine! Você está em casa; o telefone toca, você atende e é aquele seu amigo perguntando: " Ó! Não dá pra você me emprestar a sua mulher neste fim de semana? Sabe o que é, a minha está na revisão dos dez mil orgasmos!"
Mas não se anime muito, meu amigo. O protótipo foi construído por uma empresa norte-americana de alta tecnologia, ex-fornecedora da NASA e custou a bagatela de 15 milhões de dólares! Mas, com o tempo, garantem que vai acontecer o barateamento e ficar ao alcance de praticamente todo mundo.
Então, você liga para a fábrica e diz: "Eu quero uma Futura com a cara da Michele Pfeifer, os seios da Zeta-Jones, as pernas da Luiza Brunet, o bumbum da Carla Perez etc. etc. etc."
Imagine também como vai facilitar sua vida sentimental! Se você se apaixonar por uma mulher de verdade que já esteja comprometida e que não queira nada com você, é só mandar fazer uma igual e pronto.
As mulheres já estão reclamando: Por que só a Futura? E o Futuro quando será lançado?
Imagine só! Você assistindo televisão ao lado da sua esposa e, de repente, entra um comercial assim: "Mulher, você já pensou no seu Futuro? Para este verão a moda é Futuro King Size nas cores bronzeado leve, médio e total. Aproveite a promoção! Comprando um Futuro este mês, você leva grátis três ‘peças’ sobressalentes no tamanho que desejar! E você que é um marido modern, dê um Futuro de presente para sua mulher!".
As mocinhas vão depositar a mesada inteira na caderneta de poupança e quando alguém quiser saber o motivo, elas responderão: "Estou pensando no meu Futuro!".
O risco maior que você pode correr é que o Futuro de sua mulher se apaixone pela sua Futura; os dois se rebelarem e fugirem. Ai você vai ter que contratar um caçador de andróides igual ao do filme Blade Runner e, então, você vai pensar: "Como eu estava enganado quando assisti ao filme e achei que era um exagero"!

terça-feira, 3 de maio de 2011

Cada anjo com sua missão



Eu sempre tive curiosidade em saber porque os nomes dos anjos terminam, em sua grande maioria, em “el”: Gabriel, Miguel, Rafael e etc. Pesquisei muito e não encontrei nenhuma explicação plausível. Então conclui que não cheguei a nenhuma conclusão. E com base na teoria do Big Bang de que o universo está em expansão, acredito que tenham surgido novos anjos com o propósito de nos protegerem dos, também, novos problemas. Vou dar alguns exemplos. Pastel é o anjo protetor de grande parte dos imigrantes orientais e de muitos feirantes por esse Brasil afora. Aluguel é um anjo decaído, porque quem está sob sua influência não consegue nunca economizar dinheiro suficiente para comprar uma casa própria. Embratel é o anjo da telefonia, mas que tem uma forte inclinação de proteger apenas os estrangeiros. Coronel é o anjo protetor das prostitutas, principalmente no nordeste onde elas são conhecidas como quengas. Anatel é um anjo que não serve pra nada a não ser proteger desocupados apadrinhados pelos partidos que sucessivamente vão ocupando o governo. Noel é um anjo que é um verdadeiro “papai” para o comércio. Está sempre acompanhado de um outro anjo chamado Jingle Bell e, os dois juntos, dão sempre um jeitinho de liquidar com o seu décimo terceiro salário. Babel é o anjo protetor do Congresso Nacional, pois apesar de lá falarem idiomas políticos completamente diferentes, no final, acabam se entendo pelo “bem comum”. Papel é um anjo complicado se estiver enrolado, pois quando você mais precisa dele, muitas vezes, não o encontra. Bedel é o anjo protetor dos universitários que adoram matar aulas, pois é só dar o “óbolo” pra ele e tudo fica resolvido. Cartel é também um anjo decaído, pois protege qualquer grupo econômico que deseja se aproveitar ainda mais do coitado do consumidor. Motel é o protetor da intimidade dos casais, nem sempre o homem com a sua respectiva mulher e vice versa. Fiel é, na realidade, uma legião de anjos (anjos?) que protege um certo time de futebol. Gel é o protetor dos cabelos rebeldes, apesar de que existe uma variante desse anjo que protege outra parte do corpo quando... bom isso não importa agora. Granel deve ser um anjo bem calmo, pois é o que protege aqueles que não têm saco. Fel é um anjo cheio de amargura, ao contrário do Mel que é repleto de doçura. E, finalmente, Quartel é o protetor dos militares e, por extensão, da sociedade, mas que com o advento do PCC, de um tempo pra cá é ele que anda precisando de proteção.